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Foto do escritorLuara Carvalho

Como fazer curvas no downhill

Uma coisa que poucos sabem a meu respeito, é que sempre fui apaixonado por automobilismo e por moto. Lembro em minha infância de como eu ficava alucinado acompanhando as corridas pela televisão ou então as provas de motocross que aconteciam em Osasco - SP, minha cidade natal. Acredito que isso teve um grande peso na hora de eu escolher praticar a modalidade mais rápida da patinação, o downhill. Me aventurei por um período no kart, eu não era um bom piloto tenho que confessar, mas isso me trouxe uma experiência muito grande em diversos tipos de pista e curvas. Tive oportunidade de andar e observar grandes pilotos, como curioso que sou, sempre que tinha oportunidade investia em cursos para melhorar minha aprendizagem seja no carrinho ou sobre duas rodas. Aprendi com grandes nomes do automobilismo brasileiro como, Suzane Carvalho uma multi-campeã que possui um centro de treinamento de pilotos e ministra aulas de pilotagem de Kart, Fórmula, Turismo, Moto, etc.. também com André Ribeiro (Fórmula Indy), Felipe Giaffone (Fórmula Indy e Fórmula Truck). Agora você me pergunta, Dennis, o título fala sobre como fazer curvas no downhill e você está me falando sobre automobilismo, moto, o que isso tem a ver? Bem, existe muito em comum e eu vou te falar sobre algo que talvez você não tenha parado para pensar e quebrar o mito que pessoas grandes e pesadas nunca conseguirão ser rápidos em circuito com curva. Se você está preparado para essa conversa, não esqueça do seu caderno de anotações e vamos lá! Normalmente quando fazemos passeios pelas ruas, os chamados urbans, fazemos trajetos onde facilita a vida do patinador. Com pequenas ladeiras, em alguns até com ladeiras um pouco mais rápidas porém quase sempre em trechos de retas ou com curvas suaves para a esquerda ou para a direita e que o patins geralmente perde velocidade no final ou termina em uma subida. Agora no downhill podemos dizer que é exatamente o contrário, os circuitos onde precisa apenas colocar na base e descer estão desaparecendo do esporte e a cada dia estão ficando mais técnicos e rápidos onde o objetivo principal é colocar em prova as habilidades técnicas do patinador. A curva ou reta que antecede cada curva vai definir a velocidade e angulação que você vai chegar, mas o que vai definir como realmente você irá fazê-la, será o trecho seguinte. Uma forma que eu gosto muito de pensar é o seguinte, o trecho que vier após a curva será o fator decisivo, se for uma reta, em hipótese alguma você deverá optar por prejudicar a sua saída pois você será mais lento em toda a reta, isso pode mudar em caso de uma disputa de posição onde você poderá aproveitar o vácuo do seu oponente para ganhar velocidade mas isto é um assunto que eu não vou abordar agora. Podemos em um segundo momento fazer um texto para falar apenas sobre isto. Eu vejo muitos patinadores falando sobre usar rodas maiores para que consigam uma melhor velocidade final mas muito provavelmente eles iniciam a reta mais lentos, o que dá a falsa impressão de com rodas maiores eles são mais rápidos. Agora vou começar a falar sobre os tipos de curvas, aliás, você já parou para pensar quantos tipos de curvas existem no downhill? Veja abaixo alguns tipos de curvas e em seguida falarei sobre elas.

Os principais tipos de curvas que eu conheço são o seguinte: Curva 90° - Este tipo de curva é o terror de novos patinadores de downhill, porém para um patinador experiente na modalidade é um dos tipos de curva mais fáceis desde que esteja sempre atento. Ela se torna difícil na medida em que o raio aumenta, pois ela será mais rápida e mais longa, exigindo inclusive mais força física do patinador. Para dominá-la, geralmente se freia antes e no reto, vai retomando a velocidade aos poucos e na tangente você já está na base em aceleração total. Meu último campeonato, na ladeira Mãe Luíza - RN, a última curva era uma 90° para a esquerda no qual a gente chegava muito rápido e foi necessário muita técnica de todos atletas para dominá-la, como já era de se esperar, alguns acabaram no feno e isso faz parte da modalidade, dessa vez eu sai ileso.

Esse ou S - São as minhas favoritas, costumam ser também as mais bonitas em um circuito de downhill, infinitas são as possibilidades dessas curvas, mas elas sempre serão compostas de uma curva seguida de outra lado oposto, formando um “S”. Em algumas você fará totalmente na base; em outras, você terá que diminuir na entrada, para fazer a primeira parte e iniciar a sua aceleração a partir da segunda curva; em outras, você entrará totalmente na base, frear no meio ou na saída da segunda e retomar a aceleração. Praticamente em todas você poderá utilizar os dois lados da pista para abrir o ângulo e fazer uma curva mais limpa possível. Ladeiras onde eu gosto de treinar este tipo de curva são a ladeira do Casquinha e Casquinha invertido que ficam em Santana de Parnaíba SP, onde a primeira tem uma curva em “S” bem no começo, seguido de uma reta e a segunda é uma reta grande e no final um “S” bem aberto, ambas são ótimas para quem está iniciando no downhill. Falando em “S” não tenho como deixar de lado uma sequência de “Esses” que podemos fazer de inúmeras formas mas ainda não encontrei minha forma ideal (mais rápida) que é a sequência de curvas de 3 a 6 do Morro de 7 Curvas, o drop mais insano que já andei na minha vida, foram 2 anos de treino para ser o primeiro patinador a conseguir descer essa ladeira e até hoje apenas outros 2 corajosos tiveram o prazer de desfrutá-la. E quem ainda não se lembra do “S” do Polvilho ou do “S” no início do drop do Xico, tempos bons onde chegava reunir 100 riders de várias modalidades (skate, luge, inline) em apenas 1 dia no drop.

Ferradura ou U - podem ser feitas de 3 formas básicas. 1° - Simetricamente, ou seja, igual para os dois lados, em velocidade controlada, contornando toda curva. 2° - Aproveitando melhor o trecho que a antecede, freando praticamente dentro da curva, terá uma saída mais lenta porém com a possibilidade de remar e retomar rapidamente a velocidade. 3° - Frear um pouco antes e também começa a acelerar antes, o seu ponto de saída será antes do que nas outras formas.


Drop do U em SP um dos drops que mais curto com este tipo de curva, ladeira de nível intermediário e com um visual incrível. Curva de alta - Como o próprio nome já diz, só há uma maneira, não aliviar e manter na base para que se possa ter o máximo de aceleração. Para fazê-la com segurança, vá conhecendo a curva e acelerando gradativamente e sentindo exatamente onde os patins terão melhor grip para encontrar o ponto certo da tangencia. Não é o objetivo deste texto mas uma dica valiosa é colocar o peso nas duas últimas rodas do patins enquanto se faz este tipo de curva. Falando em curva em alta, não tem como deixar de fora a lendária Teutônia - RS, conhecida no mundo todo, por vários anos, como a ladeira mais rápida do mundo e sua famosa curva de alta para a esquerda, antes dos bumps, na entrada da reta final, muita gente já comprou seu terreninho nessa curva, eu passei ileso por ela, não posso dizer o mesmo no top speed...rs. Qualquer pessoa que goste de downhill, além de conhecer 7 curvas, que eu já falei aqui, precisa conhecer Teutônia, se você andou nestas duas ladeiras, está preparado para andar em qualquer ladeira do mundo! Cotovelo - Depende muito da angulação de entrada e saída, para ser mais rápido recomendo que escolha prejudicar o trecho com menor ângulo. Um exemplo a curva 2 de 7 curvas, se você chega mais lento na entrada da curva, terá possibilidade de uma rápida aceleração e retomada de velocidade em sua saída o que pode lhe dar alguma vantagem na corrida. Curvas mistas - Com certeza as mais difíceis, geralmente podem ser feitas de várias maneiras, e o atleta deve testar todas elas procurando onde está o melhor grip. Conhecer todas essas possibilidades vai ajudar o atleta a fazer ultrapassagens ou defender posições durante uma corrida.


Para quem quer um circuito com vários tipos de curva e desfrutar de um local incrível, não pode deixar de conhecer Timburi - SP, o paraíso do downhill. Terminando essa quarentena e a situação se normalizando será nosso próximo destino, Cantinho da Figueira nos aguarde <3.


Outro drop muito bacana com curvas mistas para relembrar é o Drop do Caxambu em Jundiaí SP, lá aconteceu um dos eventos mais legais de downhill que tive a oportunidade de participar, o Speed Churras. Chicane - Pouco utilizadas no Brasil mas muito comuns em circuitos na Europa, são construídas para cortar uma reta ou diminuir a velocidade em um trecho. Elas costumam ter 3 pernas (esquerda-direita-esquerda ou direita-esquerda-direita). Deve se prestar muita atenção pois geralmente chegamos nelas em velocidades bem altas e é muito fácil se perder durante o slide e explodir as barreiras de proteção. Para finalizar, sempre temos que avaliar as condições de pista e analisar os trechos que antecedem cada curva para decidir como fazê-las, usar uma referência da pista para se orientar onde frear e acelerar é uma boa prática. Espero que tenha lhe ajudado em algo e em breve nos encontramos na ladeira.



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